Emiliano Dantas
São TomÉ
A imagem enquanto escrita e leitura do mundo: o leveleve e a ferida colonial.
Esta pesquisa foi desenvolvida no âmbito do doutoramento em Antropologia do ISCTE-IUL, no período de setembro de 2016 até dezembro de 2020. O que mostro nesta página se refere ao trabalho de campo em São Tomé, nos meses de junho, julho e agosto de 2019. Minha pesquisa foi realizada a partir de atividades que promoveram as experiências colaborativas, apresentadas nos links, aqui abaixo, mas que estão em conjunto na minha tese. A ideia foi produzir conhecimento com as pessoas, falando junto com elas, escutando e tentando perceber o ponto de vista delas.
Pessoa, mato e roça/comunidade
As categorias pessoa, mato e roça/comunidade se misturam, são prolongamentos que se encontram e transforma-se em movimento contínuo. Esta alegação evita os dualismos, que separam as coisas, as pessoas, os fenômenos, com o objetivo de analisar tudo separadamente. Proponho o contrário. Uma visão agregada da roça como comunidade, que se condensa com o mato, com o céu, com o mar, com as coisas e as construções em fronteiras híbridas e vivas.
Na galeria abaixo, escolhi expor as fotografias neste formato como uma tentativa de agrupar, de narrar as vidas em conexões, para que a paisagem seja de integrações.
Minha narrativa sobre São Tomé tenta perceber o ambiente, as pessoas, a vida na sua multiplicidade como processos de transformação. Não privilegio a roça enquanto patrimônio colonial, pois escutei as pessoas e elas consideram a roça como comunidade, lugar para morar, trabalhar, jogar e se divertir. Mas lá também foi lugar de dor, de escravização, de memórias de opressão. Este passado deixou marcas e coexiste como uma herança que perdura no racismo, na exploração dos recursos naturais pelos estrangeiros, nas ideias deixadas pelo colonizadores, no machismo - como uma ferida colonial.
DESENHOs
Os desenhos são, para mim, uma forma colaborativa de fazer Antropologia, pois me serviram para estabelecer diálogos com as pessoas. Enquanto eu sentava e desenhava, crianças curiosas se aproximavam e começavam a conversar. Esses momentos foram de uma valiosa interação que, além de diversos outros
elementos, me mostravam como as
pessoas comentavam os meus desenhos,
quais as suas sugestões sobre
o lugar e outras coisas.
Antiga casa do patrão da roça/comunidade boa entrada
roça/comunidade Monte café
MADI CUNHA
roça nova moca
colheita de café